quarta-feira, setembro 15, 2010

Do que é feito as mães...


Sobre o dia 13 de setembro de 2010

"Oi mãe, como vão as coisas? Eu queria que você me dissesse depois exatamente como foi esse seu grande dia...
Se eu fechar os olhos agora, posso imaginar ao menos a noite anterior. Um dia comum, como qualquer outro, e eu sentada na sala sentindo o cheiro do seu mexido vindo da cozinha. Poderei ver direitinho nós três sentados na mesa, confraternizando, na refeição, nada além da nossa presença e dos laços que nos une. É como se estivesse aí a ver sua camisola cor-de-rosa estampada, a que você usa por causa do calorão que sente, enchendo o copo de água e batendo os chinelos até o quarto. Posso me observar indo até lá para te roubar um beijo e o gole de água de sempre, antes de dormir...
Como é engraçada a vida né, mãe? Olha quanta coisa eu consegui. Quanta coisa eu conquistei e quanta coisa mudou. E, no entanto, de tudo o que mudou ficaram em mim meus valores, minha base e minha origem. De toda a minha nova luta, devo antes a toda uma construção de personalidade, de visão de mundo, de ser humano e afeto, tudo isso vindo de você. Os detalhes mais bonitos e mais preciosos da minha vida vieram todos de uma só pessoa, que nessa data completa 58 anos.
E se nesse dia, embora eu não possa estar devidamente presente para compartilhar mais um momento fraternal entre nós na mesa daquela cozinha, ou nos tantos jantares da família dentro e fora de casa, quero que saiba que estarei sempre presente em alma, coração e pensamento.
Pois de tudo o que os meus caminhos e experiências mais me comprovam cotidianamente é que nada disso valeria se à origem não é dada a devida importância. E é por isso que eu acredito na minha capacidade de ir sempre além, porque em baixo do meu singelo "castelo" eu tenho a base mais forte que existe: uma mulher, mãe, amiga e intelectual feita da mistura de coragem e suor; lágrimas e alegria; amor e amor. Muito amor.
E que sentido existe em qualquer tipo de amor no mundo se o que vem antes é justamente aquele entre mães e filhos? De novo, a origem. É onde tudo começa e aonde tudo nos leva.
Nada teria sentido sem você. Agradeço a Deus todos os dias a honra de ter nascido de seu ventre para descobrir contigo o valor da vida e do aprendizado que é conviver e crescer ao lado das pessoas.

TE AMO PARA SEMPRE!

FELICIDADES INFINDAS. PARABÉNS PELO SEU ANIVERSÁRIO.

BEIJOS, DOLORES."


sexta-feira, setembro 10, 2010

Seguindo o fluxo do rio...

Esses dias eu fiquei pensando... Por que tanto romantismo lunático da minha parte? Por que sentir tanto? O que significa isso que eu cultivo sem que me tome o pensamento racional e ao mesmo tempo busco com afinco "retirar da terra" como erva daninha atrapalhando o cenário bonito de uma paisagem? E por qual razão isso aperta meu peito como um lamento triste? Qual o sentido de ter te conhecido na minha vida e as coisas que aprendi só com você? Qual a razão de continuar sentindo a vontade de te dizer tudo isso...

Você é um dos únicos desse lugar que me conhece bem e talvez por isso a construção de tanto respeito... Algo que tem me sustentado e ao mesmo tempo me sufocado nesse ambiente novo que agora eu aprendi a chamar de "casa", de "realidade". Por que tudo em você é esse misto da crueza de um menino que não nos toca, apenas metaforicamente, pela inteligência de um filósofo? Essa sua luta interna e ambígua entre ser algo, mas ao mesmo tempo, escondê-lo, envergonhado pelos olhares dos curiosos "desocupados"...

Como explicar um ato singelo como o seu e o presente daquele dia... Nossa admiração mútua e a minha teimosia em continuar sentindo algo que não foi feito pra mim... Como explicar a dor que às vezes sinto, como agora, e, da mesma forma, a felicidade de saber que você está cada dia mais feliz e se encontrando mais... De não sentir nada de ruim pela moça, apenas elogios e afeto por ela ter te feito algo tão bom...

A única coisa que eu sei é que eu não queria que isso se tornasse um livro, apesar de você ter dito... Quero escrever apenas pra nós, ou, se você não quiser, apenas pra mim, como um confessionário; um desabafo meu pra mim mesma pra ver se, com a repetição jogada ao vento, as palavras se cansem de ser palavras e aprendam a ter asas pra voar e me deixarem em paz.